Visita à mina Jeje



Escuros e estreitos, os caminhos na mina de ouro Jeje, em Ouro Preto (MG), revelam o que não pode ser para nós, hoje, mais do que uma vaga ideia do que, de fato, foi carregar sacolas com terra apoiadas apenas por uma correia sobre a testa, subindo de um “buraco de rato”. 

Assim trabalhavam os escravos em minas de ouro no Brasil colonial, tema central da peça “Medea Mina Jeje”, de Rudinei Borges, com Kenan Bernardes, sob a direção de Juliana Monteiro. 

Estivemos na mina e ouvimos as horríveis histórias sobre como era usado o controle de genética e natalidade neste ambiente para a exploração do trabalho escravo. Veja o vídeo abaixo.


Transpor essa realidade para o palco, com delicadeza plástica numa estética de resistência, já teria sido um desafio; buscar na mitologia clássica o leitmotiv redimensiona tudo: a maternidade, o que se pensava dela na Antiguidade? E hoje? Quem foi Medeia? Quem é ela hoje? Mãe que mata ou mãe que poupa? 

Apropriações contemporâneas do mito de Medeia -  em particular, adaptações - só fazem confirmar a proposição dos teóricos da recepção de clássicos: se o mito antigo ilumina a realidade atual, também uma nova montagem pode promover a releitura do mito antigo.


Veja a crítica do jornal Folha de S.Paulo: